Açailândia: projeto da busca ativa é destaque no jornalismo da ONG educação e território cidade escola aprendiz

Em Açailândia (MA), Projeto de Busca Ativa Escolar aposta no Protagonismo Juvenil e no afeto para combater a evasão escolar.

Como incentivar a permanência na escola? Em Açailândia (MA), a busca ativa escolar ganhou o reforço de estudantes da rede municipal. Por meio de intervenções e conversas entre pares, o projeto Jovens Protagonistas da Busca Ativa Escolar aposta na identificação e no afeto para combater a evasão escolar.

“Quando uma criança ou um jovem usa a sua própria linguagem para incentivar o outro a estar presente na escola, para falar que ele será acolhido e que estar ali é importante para a sua formação, é uma relação de igual para igual. Além disso, eu percebia como os alunos se sentiam valorizados por fazerem parte dessa iniciativa, o que os deixava mais inspirados a estarem presentes na escola”, afirma a professora Genilda Pinto. 

A ideia nasceu da experiência positiva da escola onde a educadora atua, a Escola Municipal Joviana da Silva Farias, no bairro Vila Ildemar, na periferia de Açailândia. O projeto-piloto, iniciado em 2021, foi ampliado no ano seguinte para outras escolas da rede.

“A intervenção é delas, de adolescente para adolescente”, explica a educadora e gestora de Território da Cidade Escola Aprendiz no Maranhão, Regilma Santos. Ela também lembra que as crianças brincam no mesmo território e possuem uma relação de afetividade, o que ajuda no convite para que voltem a frequentar a escola. 

Para Karla Janys, secretária municipal de Educação em Açailândia (MA), as juventudes que participam da busca ativa escolar ganham com a aproximação com os colegas e com a oportunidade de conhecer a própria comunidade, identificar suas deficiências e colaborar para as soluções. 

“Cabe à escola auxiliar no desenvolvimento da consciência social, cooperação e colaboração dos estudantes. Ao envolvê-los na busca ativa, desenvolvemos o protagonismo juvenil e alcançamos maior êxito no cumprimento da ação”, explica Karla. 

Protagonismo juvenil na busca ativa escolar 

Hoje, 8 estudantes do Ensino Fundamental participam formalmente dos esforços na busca por crianças e adolescentes fora da escola, que envolvem também famílias, professores, assistentes sociais, agentes comunitários e órgãos de proteção dos direitos da criança e dos adolescentes.

O projeto tem como meta mobilizar crianças e adolescentes a participarem de ações educativas e preventivas para garantia de seus direitos educacionais. A proposta envolve capacitações, reuniões mensais, palestras e gincanas estudantis, em parceria com a Promotoria de Justiça da Infância e Juventude, e coloca os próprios jovens como protagonistas do diálogo e da busca ativa por seus pares com a finalidade de evitar o abandono escolar. 

Aprovado pela Secretaria Municipal de Educação via Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Açailândia (COMUCAA) em 2022, o projeto foi financiado pelo Edital FIA (Fundo da Infância e Adolescência), o que possibilitou o pagamento de uma bolsa de R$250 reais aos grupos de jovens.

Desafios no combate à evasão escolar 

De acordo com a secretária de Educação, atualmente, a maior parte das crianças que estão fora da escola são de famílias que moram em novos assentamentos em áreas mais remotas e rurais da cidade. Assim, fortalecer a parceria com as famílias é fundamental: “O município sozinho terá menos sucesso, as famílias precisam da conscientização de que a educação tem que ser prioridade para suas crianças e adolescentes”.  

Já Regilma Santos aponta como desafio adicional a desigualdade de gênero: muitas meninas que estão fora da escola o fazem pela necessidade de dar conta dos trabalhos domésticos e de cuidados em suas casas.  

Por essas razões, o trabalho intersetorial do Protagonismo Juvenil na Escola se faz imprescindível, de acordo com Leidiane Santos, coordenadora do projeto. Ela afirma que é fundamental ter o apoio das secretarias de assistência social, de saúde, de infraestrutura e cultura, além de órgãos de proteção à criança e adolescentes, como o conselho tutelar e dos direitos da criança e do adolescente. “Se precisamos de um atendimento psicológico ou nutricional, por exemplo, temos um setor para isso e articulamos ações conjuntas para resolver o problema exposto. Dessa forma, os problemas não ficam isolados e todos conseguem se ajudar”, comenta.  

Mas o que é a Busca Ativa Escolar?  

O projeto Buscar Ativa Escolar é uma estratégia composta por uma metodologia social e uma ferramenta tecnológica disponibilizada gratuitamente para estados e municípios brasileiros com o propósito de apoiar governos na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão.  

Desenvolvida pela UNICEF, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e com apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), a Busca Ativa Escolar disponibiliza dados concretos que possibilitam planejar, desenvolver e aplicar políticas públicas que garantam o direito à escola das crianças e adolescentes.  

Assim, a Busca Ativa Escolar reúne representantes de diferentes áreas — Educação, Saúde, Assistência Social, Planejamento, entre outras.  Cada secretaria tem um papel específico no projeto, que vai desde a identificação de uma criança ou adolescente fora da escola ou em risco de abandono, até a tomada de ações necessárias para seu atendimento nos diversos serviços públicos, sua rematrícula e sua permanência na escola.  

Esse apoio conjunto é estruturado e organizado por meio da plataforma da Busca Ativa Escolar, que funciona como um grande banco de dados facilitando a comunicação intersetorial. A ferramenta pode ser acessada em qualquer dispositivo, seja pelo computador ou por SMS. Há também formulários impressos, para dar apoio aos profissionais que não têm acesso a dispositivos móveis.  

Por Ana Júlia Paiva para ONG Cidade Escola Aprendiz em https://educacaoeterritorio.org.br/

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